A Meningite é uma infecção dos tecidos (denominados “meninges”) que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Neisseria meningitidis são bactérias que podem provocar a doença em pessoas de todas as idades. Em qualquer momento da vida, cerca de 5 a 15% das pessoas têm estas bactérias na garganta ou nariz, porém não ficam doentes.
As bactérias são transmitidas pela saliva (cuspe) através do beijo, do compartilhamento de alimentos, de bebidas ou de cigarros, assim como por contato próximo a pessoas infectadas que estejam tossindo ou espirrando.
As pessoas que tiveram contato íntimo com a saliva de alguém com meningite causada por este tipo de bactéria podem necessitar de tratamento com medicamentos antibióticos para se proteger. A meningite causada por estas bactérias é chamada “meningocócica”. Existem vacinas que podem ser aplicadas para ajudar na prevenção deste tipo de meningite.
Quais tipos de bactérias podem causar a meningite?
As bactérias Haemophilus influenzae tipo b, chamadas Hib, também podem causar meningite. Existe uma vacina chamada “vacina Hib” que evita a doença por Hib em bebês muito novos e em crianças pequenas.
A maioria dos adultos é resistente a este tipo de meningite e, graças à vacina, a maioria das crianças com menos de cinco anos de idade ficam protegidas.
Streptococcus pneumoniae são bactérias que provocam infecções nos pulmões e no ouvido, mas também podem causar a meningite “pneumocócica”. Estas bactérias são geralmente encontradas na garganta.
A maioria das pessoas que têm estas bactérias na garganta continua saudável. No entanto, indivíduos com problemas crônicos de saúde ou com o sistema imune enfraquecido, assim como os muito jovens ou muito velhos, apresentam maiores riscos de contrair a meningite pneumocócica.
A meningite causada pelo Streptococcus pneumoniae não é transmitida de pessoa para pessoa. As pessoas em contato próximo com alguém que tenha meningite pneumocócica não necessitam tomar antibióticos.
Outras bactérias também podem causar meningite, mas as meningites provocadas por estas outras bactérias são menos comuns e geralmente não são contagiosas.
Causas da Meningite
Três espécies de bactérias são responsáveis por mais de 80% de todos os casos de meningite: Neisseria meningitidis, Hemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae.
As três espécies de bactérias estão presentes no meio ambiente e podem inclusive se instalar no nariz e no sistema respiratório, sem, entretanto, causar qualquer dano.
Ocasionalmente, esses organismos infectam o cérebro sem razão identificável. Em outros casos, a infecção ocorre após um traumatismo crânio- encefálico ou é resultado de um distúrbio do sistema imune.
Os indivíduos que apresentam maior risco de meningite por causa de uma dessas bactérias são os que abusam do álcool; os que foram submetidos a uma esplenectomia (remoção do baço); ou os que sofrem de infecções crônicas do ouvido e do nariz, pneumonia pneumocócica ou anemia falciforme.
Raramente outros tipos de bactérias, como a Escherichia coli (encontrada geralmente no cólon e nas fezes) e a Klebsiella causam meningite.
Em geral, as infecções causadas por essas bactérias ocorrem após um traumatismo crânioencefálico, ou uma cirurgia no cérebro ou na medula espinhal, ou uma infecção disseminada do sangue ou uma infecção hospitalar. Essas infecções são mais comuns em pessoas com comprometimento do sistema imune.
Os indivíduos com insuficiência renal ou aqueles que vêm usando corticosteróides apresentam um risco maior do que o normal de apresentar uma meningite causada por bactérias do gênero Listeria.
A meningite é mais comum em crianças com idades entre 1 mês e 2 anos. Ela é muito menos comum em adultos, a menos que esses apresentem um fator de risco especial.
No entanto, pequenas epidemias de meningite meningocócica podem ocorrer em ambientes como campos de treinamento militar, dormitórios escolares, ou em outros locais em que os indivíduos estão em contato próximo.
Sintomas
Os sintomas iniciais mais freqüentes da meningite são a febre, a cefaléia, a rigidez do pescoço, a dor de gargante e o vômito.
Normalmente ela ocorre após uma doença respiratória. A rigidez do pescoço (rigidez nucal) não significa simplesmente dor à flexão do pescoço. De fato, é extremamente doloroso ou impossível levar o queixo até o peito.
Os adultos podem se tornar gravemente enfermos em 24 horas e as crianças ainda mais rapidamente. As crianças maiores e os adultos podem se tornar irritadiços, confusos e cada vez mais sonolentos.
O quadro pode evoluir para o estupor, o coma e, finalmente, a morte. A infecção causa edema do tecido cerebral e impede o fluxo sangüíneo, produzindo sintomas de um acidente vascular cerebral que incluem a paralisia.
Alguns indivíduos apresentam convulsões. A síndrome de Waterhouse-Friederichsen, uma infecção de evolução rápida e avassaladora causada pela Neisseria meningitidis, produz diarréia grave, vômito, convulsões, hemorragias internas, hipotensão arterial, choque e, freqüentemente, a morte.
Em crianças com menos de 2 anos, a meningite geralmente causa febre, problemas alimentares, vômito, irritabilidade, convulsões e um choro agudo. A pele sobre a fontanela (a zona macia entre os ossos do crânio) torna-se tensa e ela pode protruir.
O fluxo de líquido ao redor do cérebro pode ser bloqueado, fazendo com que o crânio aumente (hidrocefalia). Ao contrário de outras crianças ou adultos, os lactentes com menos de um ano de idade, não costumam apresentar rigidez nucal.
Tratamento
Tratamento Clínico
a) Meningite bacteriana
O tratamento clínico das meningites bacterianas envolve três aspectos fundamentais: a eliminação do agente infeccioso, a manutenção das condições gerais e o controle das complicações.
O tratamento se dá através da terapia antimicrobiana, sendo a amplicilina uma droga bastante utilizada em virtude dela combater os agentes etiológicos da patologia e apresentar poucos efeitos colaterais.
b) Meningite viral
O tratamento das meningites virais é direcionado para o alivio dos sintomas, medidas de suporte e prevenção das complicações. A recuperação completa da meningite viral ocorre em uma ou duas semanas. Não há medicamento indicado para o agente viral.
Tratamento Fisioterapêutico
A fisioterapia, como parte integrante da equipe multidisciplinar, também desempenha um importante papel no tratamento da meningite.
Cabe-nos tentar manter as condições gerais do paciente, evitar complicações respiratórias, motoras ou de outra natureza, bem como minimizar possíveis seqüelas deixadas pela meningite, e proporcionar ao paciente o máximo de funcionabilidade, qualidade de vida e auto-estima possíveis.
Os procedimentos a serem seguidos por parte da fisioterapia dependerão do estado geral do paciente, do nível de evolução da patologia, da fase em que o paciente se encontra (CTI, enfermaria ou domicílio), da sua resposta ao tratamento, e, principalmente, das prioridades estabelecidas em cada etapa do processo de reabilitação .
É importante que sejam realizadas orientações ao paciente e aos familiares sempre que possível, tais como o posicionamento do paciente no leito, as mudanças de decúbito, informações sobre o contágio (que nas meningites bacterianas não ocorre após 48 horas do início da medicação), informações de higiene do paciente e dos familiares (para que no caso de meningite viral evite-se uma disseminação da patologia) e informações gerais sobre a patologia e sua evolução.
O fisioterapeuta deve realizar uma avaliação criteriosa, valorização as condições gerais de cada paciente, as condições do ambiente e os recursos fisioterapêuticos disponíveis, e a partir disto traçar a sua conduta, objetivando sempre proporcionar uma boa qualidade de vida para ele.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A meningite é uma patologia que não deve ser menosprezada pelos profissionais de saúde, uma vez que esta pode ser causada por uma infinidade de agentes etiológicos, a possibilidade de seqüelas é real, e que quando não tomadas as providências necessárias para a recuperação do paciente, as complicações e o óbito são prováveis.
Assim sendo, faz-se necessário um conhecimento de forma geral da patologia, bem como de todos os seus aspectos. Até mesmo para que possamos atuar de maneira eficaz, ajudando na recuperação do paciente, proporcionando a este uma vida funcional e com qualidade.