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Movimento GLBT, o que é esse movimento?

Será que conhecemos o fundamento do Movimento GLBT, as razões dessa luta por um ideal?

Quando nos deparamos com a situação do movimento de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (GLBT) no Brasil (o maior movimento social do país) ou no restante do mundo, particularmente nos últimos dez anos, nos salta aos olhos seu distanciamento de um debate político mais aprofundado e sua quase aversão ao restante das lutas sociais.

Para o movimento homossexual, o divisor de águas nesta história foi a rebelião de Stonewall, um bar em Nova York freqüentado por gays, lésbicas e travestis, que sofria freqüentes investidas policiais marcadas por forte repressão.Foi neste local que, no dia 28 de junho de 1969 (transformado, desde então, em Dia do Orgulho GLBT), irrompeu uma batalha campal que durou quatro dias e marcou a virada do movimento para a resistência aberta à opressão. No mesmo ano, surgiu, na Argentina, o grupo “Nuestro Mundo”, composto por ex-militantes do Partido Comunista, que haviam sido expulsos exatamente por serem gays.

 

Uma parte de seus membros era formada por dirigentes sindicais e suas atividades eram voltadas para a classe trabalhadora.

No restante da América Latina, a história não foi muito diferente. No decorrer dos anos 70 e 80, muitos dos dirigentes das organizações de homossexuais que começaram a surgir no subcontinente eram ativistas, líderes, membros ou dissidentes de partidos comunistas e grupos de esquerda.

Influenciados pelo clima de questionamento dos modelos burgueses de conduta que marcava o período posterior a 1968, surgiram grupos gays no México, Porto Rico e vários outros países.

Em diversos casos, o discurso, programa e mesmo o linguajar destes grupos deixavam claros sua herança e vínculo com a esquerda e as lutas sociais do momento.

Na Argentina, posteriormente ao “Nuestro Mundo”, surgiu a “Frente de Liberação Homossexual da Argentina”, que vinculava a luta pela libertação nacional do jugo do imperialismo à libertação do corpo das relações mercantilistas impostas pelo Capital.

A onda revolucionária que atravessou a América Central no período da Revolução Nicaragüense de 1979 também formou uma geração de ativistas gays e lésbicas naqueles países.

No Brasil, quando da fundação do PT em 1981, a corrente trotskista “Convergência Socialista” (principal grupo que deu origem ao PSTU, em 1994) desenvolvia um importante papel na organização do setor em torno de uma perspectiva classista e socialista.

glbtA relação do movimento homossexual nas décadas de 70 e 80 com a esquerda e as lutas sociais é inegável, e esta é uma importante lição para o movimento GLBT de hoje. É importante lembrar, contudo, que a maioria da esquerda nem sempre foi tão receptiva com gays e lésbicas.

A Revolução Russa de 1917 trouxe os maiores avanços da história em relação à homossexualidade, que foi totalmente descriminalizada. Superior, inclusive, à atual legislação de países como Espanha, Holanda e Canadá (considerados os mais progressivos hoje). Contudo, após a morte de Lênin e a ascensão de Stálin ao poder, todos os avanços se reverteram em retrocessos.

Criando e incentivando a ideologia de que a homossexualidade era uma degeneração do capitalismo, associada à decadência moral da burguesia, o stalinismo contaminou boa parte do movimento revolucionário com sua homofobia.

No decorrer do processo de democratização nos países latino-americanos e conforme o movimento gay e lésbico foi ganhando espaço, essas posições foram se abrandando na forma. Porém, não foram completamente extintas.

No decorrer dos anos 80 e 90, impulsionado por uma série de fatores — inclusive a reação aos ataques e ao aumento do preconceito decorrentes do surgimento da epidemia da Aids — o movimento GLBT seguiu crescendo e se afirmando, ainda que cada vez mais distante da esquerda.

Contudo, esse crescimento foi fortemente influenciado pelo vendaval oportunista dos anos 90, que abalou as organizações marxistas e lançou descrédito sobre o projeto do socialismo. Desse modo, cresceu também sua despolitização e seu isolamento das demais lutas sociais.

Por fim, a questão homossexual, que tanto havia avançado, passou a ser incorporada pelo mercado através das ONGs e de toda uma indústria que surgiu ao seu redor.

Hoje, é possível dizer que as milionárias paradas do orgulho gay em quase nada questionam a ordem dominante e sua moral. Da mesma forma, para a maioria, a atuação militante tem se reduzido ao dia das paradas e a atuação cotidiana, tem se limitado aos poucos “funcionários de causas sociais” empregados pelas ONGs, descomprometidas com uma política conseqüente e perfeitamente encaixadas no esquema neoliberal.

O conjunto do continente latino-americano está passando por uma onda de convulsões sociais que tem trazido para a arena política movimentos como o dos indígenas e “cocaleros”, de desempregados, além de vários setores tradicionais do movimento sindical.

Centrais sindicais como a COB, na Bolívia, têm servido de referência e organização para todos esses setores e suas demandas.

Da mesma forma, no Brasil, com a falência da CUT e do PT, os ativistas comprometidos com a luta começam a se reorganizar na Conlutas, que, em seu congresso de fundação, criou um Grupo de Trabalho (GT) para debater e organizar as GLBTs e mulheres.

A proposta é abrir espaço para que os ativistas homossexuais dispersos nas categorias, organizações e grupos país afora se aglutinem junto aos demais movimentos sociais combativos.

Isso representa um gigantesco avanço e uma possível guinada à esquerda, que recoloque a pauta e as reivindicações do movimento GLBT lado a lado com as demais lutas da classe trabalhadora, através da construção de uma unidade nas lutas, bem como de um projeto político para a sociedade, não mais dividindo, mas sim, agregando todas as demandas dos explorados e oprimidos.

A Conlutas, através de seu GT Nacional, representa um espaço político onde o movimento sindical pode ser ganho para a luta homossexual e os homossexuais trabalhadores(as) possam ser ganhos para a luta sindical.

Novamente, mas sob bases superiores, se coloca a possibilidade da síntese no seio da heterogeneidade da classe trabalhadora: homens, mulheres, negros, negras, gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros, operários, camponeses, desempregados, estudantes, etc.

E o projeto capaz de unificar todos numa mesma direção é a construção de uma outra sociedade, uma sociedade verdadeiramente socialista.

A sigla GLBT, significa:

G: gays, que são os homens que se relacionam com outros homens (homossexuais masculinos).

L: lésbicas, que são as mulheres que se relacionam com outras mulheres. Não são gays.

B: bissexuais, pessoas que se relacionam tanto com homens, quanto com mulheres.

T: incluem tanto os travestis (homens que transformam o corpo masculino para feminino, através do uso de hormônios, prótese, etc. Porém, preservam sua genitália.

Na maioria das vezes, por não ter mercado de trabalho para eles, são obrigados a se prostituírem.), os transexuais (São aqueles que se submetem a cirurgia de redesignação sexual, para transformação literal do corpo. São femininos e masculinos.

Não são necessariamente homossexuais) e os trasgêneros (pessoas que transitam entre os gêneros — drag quenn, travestis, etc).
A grande maioria dos GLBT quer ter o reconhecimento da sociedade.

“Estamos aqui e queremos ser vistos”, diz um representante do movimento gay de Belo Horizonte. Há uma lei que propõe tratar a homofobia igual ao racismo. Falta apenas a aprovação do Senado para que isso aconteça.

É necessário reconhecer que eles são cidadãos como qualquer um.
O dia do orgulho gay e as paradas GLBT são uma expressão de que a questão da homossexualidade está ganhando cada vez mais espaço. Só em Minas Gerais são 19 paradas GLBT.

Elas tem seu lado festivo, mas também político. A parada GLBT não tem como papel politizar, pois não se politiza ninguém em um dia. Mas, é uma ação afirmativa.

Ao colocarem massas de pessoas nas ruas, num misto de manifestação por direitos e celebração, as paradas ampliam a visibilidade das identidades coletivas presentes no movimento de modo a diluir, no caráter lúdico e na referência ao respeito à diversidade, a rigidez das categorias cada vez mais específicas formuladas pelo movimento.

A palavra-chave nas paradas é visibilidade, mas não visibilidade individual, e sim em massa. Em oito edições do evento, a Parada de São Paulo passou de 1200 a 1,5 milhão de participantes e tornou-se manchete dos maiores jornais e matéria de TV em horário nobre.

Essa visibilidade se reverte em favor da luta pelos direitos sexuais. E esse crescimento reflete a expansão e o fortalecimento de um campo social que acredita na diversidade das formas de amar e na legitimidade de todas elas.

A luta contra a homofobia é principal objetivo das Paradas em todo o Brasil, pois segundo os militantes esse problema é o que mais atinge a comunidade GLBT, pois a cada 48 horas um homossexual é assassinado.

Minas Gerais está em 9º lugar no ranking de violência à comunidade GLBT. Com isso o movimento quer urgência na aprovação do projeto contra a homofobia e tem o apoio das Secretarias Estadual e Municipal dos Direitos Humanos, na conscientização da comunidade sobre a violação dos seus direitos.